quarta-feira, 24 de março de 2010

Devoradora de vida


Acho engraçada essa minha mania de insatisfação que nunca me deixa pensar direito. A vida me dá um prato de emoções e eu já vou pedindo pra ela mandar mais. Quero mais, mais! Nem termino de engolir as primeiras sensações e ainda sorrindo digo que “só isso” não basta. Eu quero mesmo são milhares de pratos cheios prontinhos pra eu devorar com minha fome alucinante que nunca me deixa em paz. Então eu continuo exigindo sempre mais daquilo que provo. Pode não parecer, mas toda essa minha paranóia tem explicação, sim.

Fico imaginando quando eu estiver no finzinho da minha vida, fazendo doces e bolos para meus netos, o que é que eu vou contar para eles? Que eu passei minha vida inteira procurando passar no vestibular e depois arrumar um emprego e ainda depois tentar conservá-lo? Eu quero mesmo é ter muitas histórias malucas e divertidas pra contar, quero é estufar o peito e dizer: “Eu vivi!”. Não tenho medo de me arriscar e colocar toda minha sorte em uma jogada, eu tenho medo é de chegar nessa idade e não ter vivido de verdade. Por isso eu tenho essa fome insaciável de vida, de emoção, de sentir o coração à flor da pele. Não quero perder a vida com problemas rondando minha cabeça, quero entrar na louca às vezes e jogar tudo pro ar, sair correndo e cair na diversão. Quero saber viver.

Eu sei que a vida tem de ser saboreada aos pouquinhos, fechando os olhos e sentindo ela derreter-se na boca igual chocolate, devagarzinho e sentindo cada momento em sua hora. Mas eu sou tão desesperada, tenho tanta sede e fome que quero engolir a vida de uma vez só, sem mastigar e sem pausa, inteirinha e sem parar. Quero sempre devorar a vida como se nunca mais pudesse prová-la. Porque aos poucos você descobre que a vida é tão rara que é preciosa, e que não se pode deixá-la passar despercebida. Eu vejo aquele sorriso mágico e capturo, eu passo por uma felicidade tão simples que parece infinita e capturo, eu sinto um momento de amizade verdadeira num pequeno instante e capturo, eu sinto o amor invadir minhas veias e sistema e capturo, eu me sinto leve e capturo com minha rede pra depois guardar estes momentos e poder desfrutar mais tarde. Na minha abstinência de vida eu preciso sempre buscar uma fonte de felicidade.

As pessoas vêem suas vidas passarem por seus olhos, seus amigos se separarem, seus filhos crescerem, tudo através das janelas de seus escritórios, vêem a vida acontecer por entre os papéis para serem entregues amanhã no trabalho. Então vão se acostumando a deixar de olhar pela janela, a ignorar o que se esconde entre a papelada, para tentar não sofrer. Eu tenho vontade de sair pela rua gritando pras pessoas pararem de serem malucas ao ponto de deixarem a vida passar, de esquecerem aos pouquinhos de viver. É um veneno silencioso que mata devagarzinho, pode não parecer mas estamos todos morrendo, e morrendo sem pedir mais vida. Olha o sol lá fora, olhe que lugar lindo pra vir com sua família, vamos lá com os amigos, vamos viver mais e mais!

Vamos devorar todas as simplicidades de viver, vamos fazer a vida acontecer, vamos buscar felicidade pra nos sentirmos bem. Dá vontade de acordar o mundo inteiro pra todo mundo sentir o quanto é maravilhoso saborear tudo isso, o quanto é bom estar realmente vivo. E não custa nada, é só abrir os olhos pra reparar o quanto Deus foi bom contigo, meu chapa! Claro que não é tudo um mar de rosas, as vezes eu também me engasgo com tanta pressa em comer a vida. Mas também aprendo com os erros, e nada é tão ruim que não me deixe levantar depois e respirar aliviada. Tá na hora de tomar o único porre que eu conheço que não faça mal: o porre de vida!


Clarissa M. Lamega

2 comentários:

Douglas Lenon disse...

come on baby, venha tomar seu porre comigo :* kkkkkkkkkkkkkk *-*

Clarissa M. Lamega disse...

ooooooooh yeaah, baby *-* múltiplos porres forever <3

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