quinta-feira, 28 de outubro de 2010


"A vida é como uma caixa de lápis de cor. Deus nos dá caixas com quatro, oito, 12, 24 ou com 36 cores. Não importa se você recebe uma com quatro ou com 36. Você tem que fazer o melhor com o que Deus dá. Independente de quantas cores tenha na sua caixa."


Do filme Waking life, dirigido por Richard Linklater (in GO - Nick Farewell)


"You say that you love rain,
but you open your umbrella when it rains...
You say that you love the sun,
but you find a shadow spot when the sun shines...
You say that you love the wind,
But you close your windows when wind blows...
This is why I am afraid;
You say that you love me too..."


Willian Shakespeare

terça-feira, 26 de outubro de 2010




" Que me desculpem os apáticos,
Não tenho medo de sentir.
Eu sinto muito..."

Ana Jácomo

"No final do dia, a fé é uma coisa engraçada. Ela aparece quando você não a espera. É como se um dia você percebesse que o conto de fadas pode ser levemente diferente do que você sonhou. O castelo... bem, pode não ser bem um castelo. E não é tão importante que seja feliz para sempre, apenas que seja feliz agora. Veja, de vez em quando, muito raramente, as pessoas irão te surpreender. E de vez em quando, vão tirar o seu fôlego."


Grey's Anatomy

"Algumas vezes a realidade tem caminhos para despertar e nos morder o traseiro. E quando este queima, tudo o que se pode fazer é nadar. O mundo pretende ser uma caixa, não um casulo. Sozinhos podemos mentir à nós mesmos por muito tempo. Estamos cansados. Estamos assustados. Negando, não trocaremos a verdade. Cedo ou tarde teremos que pôr de lado nossa negação e encarar o mundo com a cabeça fria. Negação. Não é o justo rio do Egito. É o maldito oceano. Então, como nos salvamos de nos afogar?"


Grey's Anatomy

domingo, 24 de outubro de 2010

A risada


A risada. O que me pegou foi a risada. Ela é única, e sincera. Acho que em todas as vezes, eu a ouvi com o coração aberto, e talvez por isso seja tão bonita. É assim: ele começa a rir alto, e vai fechando os olhos devagarinho enquanto joga a cabeça para trás. E mal desconfiava enquanto eu ria junto, nem que eu não achasse graça. Eu ria só porque achava tão lindo alguém rir dessa forma tão espontânea, tão singular como era a dele. E a voz das gargalhadas só me deixava pensar "meu Deus, que delícia saber que eu tenho ele na minha vida. Não me deixe nunca perder essa risada de vista". Então ele ia voltando a cabeça para frente e olhava bem dentro dos meus olhos, com o rosto ainda todo vermelho e achando a maior alegria em coisas idiotas que não tinham a menor graça. "O que tinha graça era a risada", eu queria explicar. "O que me fazia rir era ver você sorrindo daquela maneira tão honesta", era o que eu sempre quis lhe dizer. Mas aí ele ia perder o riso e ficar com vergonha de alguém louca como eu amar tanto aquela risada. Eu nunca disse, mas o que me pegou foi a risada.
Eu queria tirar uma foto naquela hora, e emoldurar pra colocar na parede do meu quarto. Ou melhor: queria poder filmar escondido o barulho alto, que vai ficando mudo no final, só sobrando os dentes se exibindo para o mundo todo e para mim, os olhos apertados e as bochechas vermelhas. Deixar isso gravado no meu celular, no meu computador. Mas não deu tempo, não. Ficou só no coração, mesmo. E aí, depois do som da risada simpática, ele me olhava como se eu não entendesse qual era a graça, porque eu somente sorria perante aquelas gargalhadas. Não deu tempo de explicar que o sorriso leve era porque eu estava mais compenetrada em lhe filmar com meus olhos jogando devagar a cabeça para trás. E quando voltava, eu sabia de cor o próximo passo de mergulhar nos meus olhos ainda rindo. Observava enquanto contava quanto tempo demorava até eu me apaixonar mais uma vez por ele. Pelo dono da risada mais bonita do mundo. Por aquele que exibia seus dentes em um sorriso vantajoso por todas as paredes do quarto, pelas da minha alma. O barulho do riso que escancarava as portas do meu coração.
O que matou por dentro foi a risada. Na verdade, foi a falta dela. Agora escuto só em pensamento, distante, intocável. E me lembro de cada segundo daquela risada que fazia do mundo um lugar melhor de se viver. Não tem mais a jogadinha de cabeça para trás, as bochechas vermelhas, o olhar, o sorriso escancarado e sem medo. Isso sim, me dá medo. E eu nem tive tempo de explicar que o que me pegou foi o riso. Nem deu pra falar para ele que eu queria aquela risada todos os dias da minha vida. E que sempre que eu estivesse ruim, ainda quero ligar para ele e falar qualquer coisa que fizesse ele rir daquela maneira linda, só pra me dar um pouco de fé. Só pra saber que ainda existem coisas pelas quais vale a pena se reerguer. Não consegui dizer que preciso daquela risada na hora de ir dormir pra saber que o dia valeu à pena porque ele estava dentro dele. Não consegui falar que ainda espero ele voltar a cabeça para mim e ainda queria que seus olhos me procurassem. Não deu tempo de dizer que o que me pegou foi a risada.



Clarissa M. Lamega

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Carta do desapego


Porque tudo o que foi bom, merece ser agradecido

Eu não vim aqui pra chorar, não. Chega de choro - porque meu travesseiro e meus amigos já ouviram demais e já cansaram de tanta lamúria, estão quase me dando tapas para eu acordar - , chega de sentir qualquer movimento doer. Vamos dar um fim a essa melancolia de querer tanto insistir numa história que já teve seu ápice e que terminou no meio do nada. Eu vim é agradecer, ouviu bem?
Porque há alguns dias atrás, eu ainda me achava a mulher meio intelectual demais, com uma lista imensa de livros debaixo do braço, meio triste por não saber como não deixar as coisas morrerem e com um desejo imenso de fazer alguém feliz. Porque, há alguns poucos dias, eu ainda era meio insana, meio iludida com os pontapés da vida, sem fé nenhuma de que as coisas poderiam melhorar, meio atordoada, meio cansada, meio icompreendida e totalmente vazia. Antes de você eu achava que nada daria certo, não botava fé no meu taco e, principalmente, não me sentia livre para amar. Achava que todos os homens do mundo eram completos babacas. Mas você me mostrou que não. Não você. Você foi só meio babaca. Infelizmente, e até mesmo por conta daquela risada que você solta quando me vê irritada. Há alguns dias, não conseguia encontrar nada a que dedicar minhas palavras, então parei de escrever. E você veio acentuando tudo, colocando os pingos e me dando uma vírgula. E essa única vírgula foi o que me fez não me permitir morrer desastrosamente ali mesmo, foi o que não me deixou ficar sentada na beira do asfalto. A tua vírgula foi o que fez a minha história continuar. E me achava meio desacreditada, meio piegas, meio solitária, muito descrente. Antes de você eu não sentia saudade da voz de ninguém, não tinha vontade alguma de levantar da cama no domingo e nunca havia experimentado a sensação de sair do trabalho sem a mínima vontade de ir para a minha casa. Agora, optei pela sua. Antes de você eu não sorria para as janelas do ônibus, relembrando qualquer coisa meio boba e só nossa. E quando digo só nossa, é porque nao compartilhei com mais ninguém, porque nenhuma outra pessoa do mundo entenderia o brilho disso tudo. Não dedicava meu tempo a mais ninguém, porque não havia ninguém que me deixasse disposta a atravessar os dias com um sorriso de orelha a orelha. Escrevo para ti essa carta, e que ao tocar no mesmo papel, você sinta que meus dedos passaram por essas linhas assim como passaram pela pele do seu rosto.
E agradeço cada um dos teus erros, também. Cada uma das tuas falhas - que te tornam grandiosamente humano. Porque compreendi que nem sempre gostar é suficiente, e que se doar exige uma coragem absurda. Que se doar é semelhante a deixar arrancarem-se pedaços do corpo, do coração. E o que pode ser estritamente válido para mim - como a doação - pode ser tremendamente angustiante e assustador para o outro. Só agora entendo, que doação também é morrer um pouco por alguém. Você, que já se deu tanto, e que já deixou tantos te tirarem um pedaço, pode não querer correr o risco de se despedaçar por alguém. Eu sou extremamente corajosa, entregue, até mesmo meio inocente nesse aspecto. Confio com todas as forças, faço valer, ajo e depois penso, e por isso não sei lidar com quem tem medo da vida. Desculpa por exigir tanto de você o que você não consegue controlar. Aliás, acho que você é o único homem em que eu sempre confiei, acreditei e continuo acreditando de maneira insuportavelmente ingênua. Tanto que meus amigos não paravam de me alertar dos riscos no caminho. Não me arrependo: minha confiança é tua. E ainda com tanto medo, tanto receio, você tentou forçar as tuas portas para eu entrar - da casa, do coração. Tanto que tuas maiores provas foram dizeres de 'saudades' e tantos cuidados desnecessários para a minha proteção. Mas eu não quis me proteger, queria sentir o que viesse: dor ou amor. E você não compreendia isso, só pensava no que me faria bem. Não consigo entender como alguém consegue tanto cuidar dos outros como você, de maneira que me irrite tanto. Não queria sofrer por antecedência, pensar nos males que talvez viessem, queria pensar só no que eu queria e ponto. Mas você arrancou meu ponto, e me colocou uma vírgula, aberta a diversas possibilidades. E agora, finalmente compreendi que você não pode - e nem deve - deixar de ser quem é por mim. Eu quis uma mudança tua, mas dentro do seu molde. Com teu jeito, tua cara. Essa tão bonita que me sorri de nervosa, sem saber o que dizer.
Mas não precisa dizer nada, não. Compreende o meu silêncio restrito também, por favor. Preciso arrumar maneiras de fazer tantos curativos na minha alma, e esta carta é uma maneira de te dizer que perdôo e aceito. Que tua vinda me fazia ansiar pelas ligações demoradas, e que mesmo após o término eu ainda recolho todos os doces e bons acontecimentos do meu dia e sinto vontade de te mandar embrulhado pra presente. Que faz falta a tua voz. Dizer que você me olhava, fundo nos olhos de que tanto temia - por eu ser decidida, meio obsessiva e intensa - e eu mal conseguia dissenir as coisas porque só conseguia prestar atenção no seu perfume que me deixava em transe, com vontade de mandar tudo para o espaço e ficar te olhando. Olha, eu não sei sentir raiva, me desculpe. Até eu mesma preciso me desculpar por isso, porque se no mínimo a raiva habitasse meu peito, eu poderia te esquecer mais fácil. Dizer que todas as coisas ruins você me fez embolorou as coisas boas também. Mas eu não sou assim, você sabe. Só sinto cumplicidade, um tanto de mágoa que passará em um dia ou dois e uma vontade meio idiota de querer, acima de tudo, que você fique bem logo. Por isso sou tão áspera, tão ríspida, sumo. Porque preciso me fazer entender que é hora de cuidar de mim, me forçar a tranformar a sua meia-babaquice numa catástrofe mundial.
A única coisa que eu consigo sentir, enfim, é uma coisa boa. A mesma fé que você me trouxe que as coisas dariam certo (e que continua aqui dentro). A mesma convicção de que sou intensa pra caramba, de que nada é por acaso e que ninguém precisa de ninguém pra ser feliz. Essa parte, os amigos e uma garrafa de vodca resolvem. Continua essa sensação de que eu sou mais forte do que pensava, e eu cresço internamente aprendendo que ninguém nos deve nada, por mais de que tenhamos nos dedicado a esse alguém. E que mesmo assim, podemos sorrir ao lembrar de uma piada idiota e uma sorrateira mão na bunda disfarçada. Que, ao invés de pedir, posso agradecer o quanto foi bom te ter na minha vida, te ver fazendo manha pra andar algumas quadras e reprimindo uma reclamação pelo meu atraso. E claro, sua admiração por mim, sua busca incessante por querer fazer parte. E se agora a saudade empurra algumas lágrimas dos olhos, eu enxugo com as mesmas mãos que um dia você encorajou a construir. E, sem dó, sem ressentimento, sem insistência, estão seguindo adiante com tudo aquilo que aprenderam. Me sinto bem em me saber meio intelectual, meio carente, totalmente determinada e destemida. Porque agora botei na cabeça que é a hora certa pra se despedir, e arranquei todos os medos de seguir sozinha. 'Ser feliz não dói', diz a Tati, e eu sigo. Leia essa carta com a plena certeza de que foi um bom homem para mim, e de que é um ser humano de coração imensamente incomparável. E, dessa vez, sou eu quem te suplica, com carinho: te cuida. Te cuida, porque saio da frente da sua vista com a plena certeza de que cuidei o máximo que pûde.
Te escrevo agora, sendo maior, mais confiante, e com a plena certeza de que até o que dói pode ser bonito.

Daquela que admira sua forma de viver, um beijo.

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Clarissa M. Lamega

quarta-feira, 20 de outubro de 2010


"Por perto, apenas os amigos de boa conversa, os filmes que entrarão para a nossa lista dos 10 mais, os dias de praia sem uma única nuvem no céu e encontros amorosos, gloriosos e numerosos – de preferência com a mesma pessoa, aquela que nos fará acreditar em cartomantes: as cartomantes sempre dizem que o amor está para chegar."

Martha Medeiros in Carta para 2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010




"Revolução é feita com ingenuidade. É acreditar mais do que desconfiar. É ir para frente por uma causa ou um sentimento, não prevendo se vale a pena ou se levarão alguma vantagem pessoal. Que fracasse com convicção, mas experimente os próprios desejos. Toda experiência será sempre uma situação de risco."


Fabrício Carpinejar in Revolução

segunda-feira, 18 de outubro de 2010


"Queria explicar: Vê essa mensagem? Sossega! A esperança do outro é burrice para a gente.
Admiti, aos poucos, que ela tinha o direito de acreditar, que a esperança não usa bateria, toda esperança é burra. E não renuncio minhas tolices pela inteligência dos céticos. Mantenho as crenças até o fim. Uma delas é ser amado como jamais me amei. Faço de tudo para o relacionamento dar certo, desligo e ligo se preciso."


Fabrício Carpinejar in Te Espero!
"Não me resuma. O que é intenso não é prático."

Fabrício Carpinejar in O Coque é Irrefutável

"- E o sapato vermelho, a corretinha dourada e o perfume, ainda são teus desejos destemidos? Tudo isso, pra quê?
Desnecessário.
- Um sapato pra de um ângulo acima poder ver a vida, a correntinha pra ter algo valioso perto do peito e o perfume pra mudar de ares, já que nada acontece e as coisas não preenchem toda essa minha pressa desajeitada de abraçar o mundo."


Camila Paier

"E eu permito que a vida se encarregue de deixar a felicidade entrar, com a porta sempre aberta a possíveis sorrisos e gargalhadas. Estado civil não garante alegria, e amizade é pra todo dia."


Camila Paier - do blog Calmila ; RECOMENDO!

domingo, 17 de outubro de 2010

Mulheres


Garotos não resistem aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu sempre tão espertos
Perto de uma mulher são só garotos
Garotos - Leoni

A alma feminina pressente o fim, mas se agarra com as pontas dos dedos nos resquícios esfacelados de esperança jogados no caminho. E nós, mulheres, só prosseguimos porque lembramos da risada gostosa, das mãos que acariciavam, das palavras encantadoramente bonitas sussurradas ao pé do ouvido. E, sinceramente, não queremos - e nem ao menos buscamos - ver as coisas brutas da maneira como acontecem por parte do sexo oposto. Porque esmagamos com as unhas o racional e só damos liberdade ao coração para falar, desabafar e indicar o rumo. Nosso cérebro, coitado, pifa de tanto travar batalha com os sentimentos. E não sendo novidade, raramente vence.
Mas mulheres estão dispostas a tudo por um pouco de amor. Esse é o maldito erro cometido inúmeras vezes na nossa vida (ou então inúmeras vezes em um só dia, às vezes): topar chafurdar num poço de lama por um beijo na testa. Esse ínfimo beijinho é capaz de nos fazer batalhar contra meio mundo, deixar de escutar conselhos de amigas, mãe, revista, experiências anteriores e, principalmente, contra nossa própria cabeça. A única coisa capaz de transbordar nossos pensamentos continua sendo "hmm, será que se eu não telefonar ele vai me ligar?" e também "aah, mas quero curtir MUITO esse fim de semana, quero que ele veja o quanto me diverti sem precisar dele". E tem também o pensamento clássico do "e se eu me fizer um pouco de difícil, ele vai começar a correr atrás?". Pobres de nós, que enquanto sofremos angustiadas a dor da saudade, nossos homens sequer lembraram de telefonar para despirar um pouco a nossa cabeça. Estão lá, agarrados nas loiras geladas comentando sobre o resultado da última pelada do domingo à tarde. Enquanto arquitetamos planos para parecermos sempre atraentes, bem-resolvidas e sem necessidade alguma de testosterona em nossa essência de solteirice, eles somente se preocupam em não se preocupar. Para eles, não tem paranóia, não tem segredo algum; para nós, só é válido com um plano muito bem estipulado.
Mulheres sempre esperam a ligação do dia seguinte. Mulheres, ainda que sejam mais fortes, sempre choram no travesseiro a cada resposta ríspida, a cada sumiço repentino. Mulheres sempre acreditam nas boas intenções do cara. Mulheres sempre ligam instantaneamente para a amiga cheias de empolgação e ânimo para pensarem coletivamente o que tal atitude indicou e o que esperar dali pra frente. Somos extremamente ansiosas, detalhistas, corajosas. Não temos medo de arriscar insônias constantes em troca de abraços carinhosos e um peito forte aonde encostar a cabeça. Trocamos um desgaste mental desnecessário por ter a falsa sensação de segurança nos braços de um homem. Disponibilizamos corpo, alma, e fazemos a maior das entregas sem medo de sofrer: a entrega afetiva. E aí, já entramos de cabeça sem ter garantia alguma do futuro próximo. Tudo por um colo macio. Tudo por um pouquinho de amor. Pra passar o dia inteirinho pensando nele. Tudo por sentir borboletas no estômago com uma ligação. Tudo para sentir saudade da voz, para ansiar o toque. Para sorrir à toa lembrando de alguma coisa engraçada dele, para não ter vergonha de estar parecendo boba. Enfrentamos os comentários das amigas, amaldiçoamos quem diz que não dará certo, botamos a maior fé do mundo numa paixãozinha precoce que mal aprendeu a dar os primeiros passos.
Talvez seja essa a nossa arma mais mortífera: não ter medo de sofrer. Porque mulheres entram em milhares de enrascadas por esse ínfimo detalhe de não ter medo de sentir. Mas também, por outro lado, amam, sorriem, choram, se descabelam, sofrem, e sentem bem fundo tudo o que há para aquele homem. E depois que passa, tomam uma dose de coragem absurdamente grande. Erguem a cabeça, sacodem a poeira dos sapatos, retocam a maquiagem e estão prontas pra outra. Superamos, e ainda saímos com classe. Ao contrário do sexo oposto que, após um rompimento, imploram por uma aceitação de desculpas, reduzem sua capacidade cerebral a zero, armam um escândalo de infantilidade e dependência. Demoram meses para recuperar os ânimos, afogam as mágoas nos copos de álcool noites afora, provam de inúmeras bocas para promoverem uma falsa superação digna de pena. E ainda pensam que nós nem desconfiamos da dor que ainda aflinge aqueles corpos tão cheios de testosterona. De como sentem falta da nossa atenção, do nosso cuidado redobrado, do nosso carinho. Se sentem estupidamente melhores e mais fortes. Mas não são. Porque nós podemos chorar incontáveis noites afora, porém aceitar nossas fragilidades é ser forte. Já esconder a dor atrás da pinga e da azaração com certeza é de dar pena.
Mas, no fim, ainda achamos que o abraço mais apertado acaba valendo as noites de choro, e o dia todo com o nó na garganta reprimido é trocado por um simples sorriso do macho alfa que nos tira o fôlego. A raiva pelas infantilidades mesquinhas é chutada pra longe perto de um passeio de mãos dadas. E o estrago de um 'te amo'? Esse nem precisamos comentar! Readequamos nossa rotina, arrumamos um tempo inimaginável para arrumar cabelos, unhas, disposição e ainda por cima nos esforçamos ao máximo para a beleza trabalhada ser inteiramente natural. Arriscamos até um papo sobrenatural ao universo feminino só para descolar uns pontos. Engolimos o choro e disfarçamos a dor, lavamos o rosto e a alma para parecermos melhores para eles. Mal sabemos que, contando com nossa maturidade excepcional, capacidade de organização e atenção sem deixar de lado o gosto por cuidar bem dos nossos homens, já nos torna imensamente dignas do melhor que eles têm a oferecer.

Clarissa M. Lamega

"Eu respeito a sua dor e não posso elaborar nenhuma tese sobre ela. Sua dor é única, e é a única que você consegue sentir. Ela te pertence e a mais ninguém."

Augusto Cury in O Vendedor de Sonhos

"Eu só quero celebrar as minhas flores de dentro da forma mais adequada. Eu não tenho mais tempo para ser aquela pessoa certa na tua hora errada."

Marla de Queiroz

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Coleção Pensador!

Olá, fiéis escudeiros do Só enquanto eu respirar!

Pensando em divulgar um pouquinho mais meus textos e escritos, criei minha coleção no pensador, até mesmo para quem acaba não lendo as postagens mais antigas (confesso que às vezes eu também não leio, haha).
Lá vocês encontram alguns trechos de minha autoria, e para guardá-los basta criar sua conta e clicar para adicionar o trecho escolhido na sua coleção pessoal. Fácil, né? É uma maneira bacana de divulgar e guardar frases!
Agradeço desde já os seguidores (que já somam 70, o que para mim é honra e privilégio!) e os comentários, que sempre me ajudam tanto a continuar. Vocês me dão uma força imensa naquilo que eu gosto de fazer, pra falar francamente.
Deixo aqui, também, um e-mail para contato, seja qual for o objetivo - críticas boas e/ou ruins: clah_lamega@hotmail.com.

Um beijão para todos, e muito obrigada (sendo que já vi trechos de meus textos até em tópicos de comunidades do orkut, o que me alegrou muito mesmo). Obrigada pela atenção e carinho, e um Feliz dia das Crianças, haha.

Clarissa M. Lamega


"Que as duas-voltas-e-meia da minha chave sempre encontrem no teu peito o mesmo intenso e inédito sentimento que me fez abrir todos esses precedentes. Eu fecho os olhos e encontro no amanhã nada menos do que a crescente proximidade do teu retorno. E somente as paredes da minha casa são testemunhas do meu sorriso."

Lucas Silveira



"E a gente (pode) DEVE ser maior. Basta que a gente queira. E querer não é poder, como as pessoas dizem por aí. QUERER É FAZER. E fazer não é nada fácil. Existem momentos na vida em que a gente precisa ser mais forte do que acha que pode, mais inteligente do que acha que é e mais nobre do que acha que consegue. E como é que a gente consegue? Querendo. E quando a gente quer demais uma coisa, a gente é capaz de feitos que a nossa mente nem consegue conceber. A gente mata um leão por dia. A gente acaba esquecendo das poças d’água, canalizando toda a nossa força para o embate inevitável com os predadores que a vida coloca na nossa frente. E são muitos."

Lucas Silveira

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Certo é estar perto



Quando o tempo não passar, dentro de nós
Cada hora é como uma semana
Cada novo alô é mais bacana
Cada carta que eu nunca recebo
É sempre um motivo pra lembrar: sou tão perto de você
Perto de Você - O Teatro Mágico


Coloque a camisa para dentro da calça. Isso. Prepare o café da manhã enquanto eu durmo um pouquinho mais. Tá legal, pode segurar minha mão enquanto andamos e pode ficar me abraçando o tempo todo. Assim mesmo: compre chocolate para mim, me dê buquê de rosas e escreva uma carta de amor junto. Me ligue todos os dias, mande mensagem quando eu estiver pensando em você. Pague um pau pra mim. Só assim eu vou detestar estar perto de você.
Assuma que me ama, me prepare surpresas românticas e me diga o que eu quero ouvir. Mande frases bonitas, escolha uma música pra gente, e alimente meus momentos em que faço doce. Me elogie a todo momento, me chame pra sair sexta, sábado e domingo, se preocupe se eu estou cansada e me peça com olhar terno pra não desistir. Pra ficar. Porque aí, eu vou enjoar de você. E quem sabe, se você for certo e previsível, se me deixar segura das tuas atitudes, eu corra pra longe de todo esse mel amoroso. Vou enjoar, cuspir fora e dizer que não quero mais. Então, pra que eu pare de sofrer e de gostar de você, basta fazer tudo certinho, tim-tim por tim-tim.
Mas não, não é esse o nosso jeito. E eu só gosto de você porque me surpreende a cada segundo. Porque você é imprevisível e isso me magoa ou me faz te amar, ou os dois ao mesmo tempo. Porque não me dá atenção quando eu espero, mas me pede desculpas se sentindo mal a tarde inteira por alguma atitude sua que eu nem lembrava mais. E eu fico olhando o telefone a cada segundo, mas você não me liga. De saudade não aguento, disco seu número só pra ouvir tua voz. Aguardo tamborilando os dedos um recado, um sinal de fumaça, um lembrei-de-você, e nada. Nessa agonia, começo a pensar no teu sorriso. Morrendo de medo de te perder, fico pensando por que diabos temos tanta intimidade pra falar sobre tudo que eu nunca falei com mais nenhum cara.
Você não demonstra afeto; não é dessas coisas. Não fala nada, mas é ridiculamente lindo o jeito como me manda corações a todo momento. É um 'ei, eu te amo' de uma maneira puramente irritante. E linda, tão linda. Tão sua. Não tem nem dó da minha rotina desgastante - ao invés disso procura competir quem anda mais atordoado com as tarefas diárias. Me deixa esperando por um espaço de tempo na sua agenda tão superlotada, me me faz roer as unhas de nervosismo e ansiedade. Me irrita com aquelas manias chatas de reclamar de tudo, de não saber esperar por nada, de estar sempre em movimento, de falar bobeira por ter medo dos meus olhos azuis te analisando calmamente. E é tão chato que não me deixa me intrometer enquanto você cozinha.
Tem gosto seletivo: é sim ou não. É super-sincero quando eu quero uma mentirinha que me deixe feliz. Me elogia quando eu nem estou com cabeça pra admirar alguma coisa em mim. Me acha forte e persistente, e diz admirar tal feito. Não me liga - ou liga raramente - embora sem motivo aparente pra não telefonar. Esconde os sentimentos atormentado, mas bem sei que é um poço de sensibilidade. Disfarça o gostar por mim, finge não ligar. E sempre quando eu não espero, faz um comentário mais romântico ou tem uma atitude mais carinhosa que me faz largar a idéia de desistir. Eu gosto de você porque você é imperfeito. Não gosto de quem elogia a todo momento, deixa claro o que sente e é totalmente previsível. Não gosto de quem é fácil de amar por ter somente qualidades almejáveis na alma. Te amo porque você esquece datas, porque me deixa nervosa, porque me faz sentir saudades e quase sempre ficar na dúvida entre ligar ou não ligar, querer ou não querer. Porque eu fico maluca de raiva toda vez que se desculpa mil vezes por qualquer coisinha, morrendo de remorso. Porque não enche minha bola me adornando em elogios, e porque, e sabendo imperfeito, tem medo de me perder. E amo seu sorriso, infinitamente mais bonito do que qualquer outro. E aquela risada espontânea, e o querer me irritar porque me acha bonita quando fico nervosa.
Se for pra eu parar de te querer, faça tudo certo, simplesmente isso. Ligue, procure, fale coisas lindas, diga tudo o que sente. Deixe na cara que tem medo que eu vá embora, não hesite em planejar nosso futuro com casa de cerquinha branca e mostre o quanto me ama. Faça tudo perfeitamente bem, tome cuidado pra não se atrapalhar em nada. Aí sim, eu vou enjoar de você. Não vou atender ligações, vou odiar tanta melação. Porque é maravilhosa a maneira que eu descubro de reviver a cada vez que fazemos as pazes depois de alguma discussão. Porque renova o espírito descobrir sem querer que nos gostamos da mesma maneira, na mesma medida, e que não queremos que isso acabe - só aumente. Que queremos nos ceder casa, quarto, cama, carinho, cuidado e espaço no coração e pensamento. E isso me faz não querer desistir. Me dá medo de sofrer de novo, como nas últimas vezes, mas aí me lembro de você rindo por ter me provocado até eu virar uma fera, e depois falar "você fica tão bonitinha quando tá brava", e me fazer rir. Esquece o fazer tudo certo, tá? Faça tudo errado, imprevisível, torto, e continue me fazendo acreditar na gente. E me fazendo te querer, sabendo que vai valer a pena te esperar.


Clarissa M. Lamega

terça-feira, 5 de outubro de 2010

"Ele gosta dela. Não tem mais como fugir. É, dá medo. Ela deve estar com medo também. Gostar é começar o inferno tudo de novo. Mas ela, quem diria, escreve lá no texto que topa. Topa começar tudo de novo."

Tati Bernardi
"E nada disso me descontrolou porque a voz dele é quase uma meditação."

Tati Bernardi in Na fila do supermercado
"O quão sagrado é abrir mão de evoluir só porque andar pra trás é poder cruzar com você de novo."

Tati Bernardi
 
Só enquanto eu respirar. Design by Exotic Mommie. Illustraion By DaPino