sexta-feira, 28 de janeiro de 2011


"Um dia você vai desacreditar do amor. Um dia tu vai achar que o príncipe não passa de um sapo. Um dia você vai desistir de tudo e no outro dia vai querer tudo de volta. Um dia o mundo vai rodar rápido demais e você vai ver que tempo nunca é tempo o bastante. Um dia você vai cair e ninguém vai te levantar, que amigos existem sim, mas que certas quedas são individuais, às vezes é necessário levantar sozinho. Um dia você vai chorar de um modo tão triste que se o mundo vêsse, o mundo choraria junto.
Um dia você vai olhar para tudo isso aqui e dar risada. Um dia vai querer morrer por ter feito o que fez. Um dia você vai querer esquecer e vai tentar retomar a caminhada de onde parou. Um dia você não vai se lembrar o que fez na noite anterior e não vai nem conseguir levantar da cama. Um dia você vai achar que é amor, mas vai ser só tesão. Um dia você vai ficar em silêncio e não saber qual vai ser o motivo do luto.
Um dia nada vai ser o bastante e você vai criar vergonha na cara para buscar o tudo. Um dia você vai apostar tudo e perder. Um dia você não vai apostar absolutamente nada e vai se surpreender. Um dia você vai escrever uma carta e não vai mandar. Um dia você vai sofrer e vai achar que é alguma doença, porque dói, inacreditavelmente é uma dor que não tem nome. Um dia você vai sorrir em meio ao nada e se sentir realizado perante tudo que conquistou.
Um dia, dois dias, três dias, chamam vida, e é assim."

Douglas Lenon

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Pra quem ainda não sabe, o Douglas - Doug para os íntimos, haha - é do blog eu te toco também, e eu estufo o peito orgulhosa pra dizer que é meu melhor amigo. E que a gente tem muitas histórias nesses quase três anos de amizade. Eu fiquei MUITO feliz de ver esse texto, e me deu um orgulhosinho de saber que teve dedo meu pra ele criar também um blog e começar a escrever. Porque achei esse texto simplesmente perfeito, me identifiquei horrores e eu sei da essência de todas essas palavras na vida do Doug. Costumo brincar que ele é meu único amor, porque é o único que tá sempre ao meu lado quando todos os homens do planeta vão embora. Doug, eu amo muito você, não me imagino mais sem as suas piadas, sem nossas noites conversando e sem suas paixonites e histórias contadas no final do dia. Parabéns, de coração, pelos textos, e um único recado: nunca saia da minha vida! Uma declaração de amor em forma de homenagem da sua única mulher (haha).

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011


"Sentir não é brega. Ao contrário: não existe nada mais chique. Emocione-se e seja o rei da sua insensatez."

Caio Fernando Abreu

"Sou um objeto querido por Deus. E isso me faz nascerem flores no peito. Lírios brancos encostados à nudez do peito. Lírios que eu ofereço ao que está doendo em você. Pois nós somos todos carentes."

Jorge Miguel Marinho in Lis no Peito

"Tem sempre um além, esse além pode ser você."

Jorge Miguel Marinho in Lis no Peito

"(...) Sentia uma certa plenitude e sussurrava para cada instante: 'fique, fique, fique...'."

Jorge Miguel Marinho in Lis no Peito

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Sacrifício


Certa vez li que a palavra sacrifício provém da junção de duas outras palavras: sacro e ofício. Sacríficio é o trabalho sagrado. É dedicar um tempo a lidar com o nosso sagrado, ao que reside no interior, ao que os olhos humanos não sabem ver. O que há de precioso em nós, exige uma pitada de dedicação e amor próprio pra pôr as engrenagens em funcionamento.
Pode ser tentar resgatar uma antiga amizade. Passar a noite acordada rindo com um velho amigo e ganhar olheiras e bocejos de brinde no dia seguinte. Resistir à situação tão mais cômoda do rancor para aprender a perdoar. Aprender coisas novas, e saber que sempre há algo a ensinar. Passar algumas horas do dia refletindo sobre como solucionar um problema antes que este lhe afogue a alma. Sacrifício é arrancar o que dói na marra. É lidar com nossas farpas sem perder o amor, é ter fé quando as certezas já saíram pelo ralo. Sacrifício é resistir a uma tentação que pode acabar mal. É abrir mão do que é bom no plano individual para expandir a graça ao coletivo. É treinar mãos que se tornem fortes para fazer o bem, é mudar, é cortar espinhos da alma. É ter força para deixar o passado no passado, mesmo que ele grite em alto e bom som um pedido de volta. Sacrifício pode ser uma espécie de mudança de casa, mas acontece no coração. É tirar tudo dos armários, jogar sentimentos ruins fora, compartilhar as coisas boas que nos restam, e mudar de ares para começar tudo outra vez. Mesmo que doa partir. Mesmo que deixar o velho para trás seja o maior absurdo em que já pensamos, isso é um trabalho sagrado. E quando a casa, o coração parece vazio, na realidade ainda permanece cheio de fé.
Sacrifício é se resguardar. É evitar a obviedade do sentimento e chiar no ouvido do coração para acalmá-lo. É não saber notícias, se está bem ou se sentiu saudade por pura proteção própria. É evitar a voz, a lembrança do perfume, da maneira de andar e de olhar. É desejar o sorriso milimetricamente perfeito à quilômetros de distância, é rezar por não ter nenhuma mensagem nova no celular. É torcer para ter distração suficiente para o dia inteiro, a noite inteira e algumas semanas inteiras para não largar tudo pela gargalhada mais gostosa do planeta. Sacrifício é entender que sempre vai doer, mas que com o passar dos dias dói cada vez menos. E que ao nosso lado existem pessoas capazes de nos dar momentos de pequenas alegrias perfeitas feitas para serem recordadas. Sacrifício pode ser não dar as caras, não querer pensar, e principalmente saber a hora de parar. É segurar os dedos que deslizam nas teclas do celular para não discar aquele número. É sentir cada vez maior o buraco engolidor da distância e se privar das melhores palavras do mundo por querer bem a si mesmo, e ao outro. É aguentar firme quando a saudade aperta. Sacrifício é fingir frieza por medo de ter excesso de amor. É entender que o melhor é parar para não machucar. É por um ponto final quando a única coisa que mais se quer é a existência de uma vírgula.
Sacrifício é entender, é limpar os cacos da discussão, é limpar a ferida mesmo que isso arda na pele. É se sujeitar à mudança, ao amadurecimento e à aceitação de que infelizmente, também erramos. É ter humildade suficiente para apontar para dentro de si ao invés de apontar para quem está ao nosso lado. É se doar, doar seu tempo, suas palavras, seu abraço e seu afeto a quem precisa - mesmo este alguém seja você mesmo. Sacrifício é reconhecer nossa humanidade, é se render ao choro quando o aperto começa a tirar o ar dos pulmões. É parar de sentar em cima dos erros e de tudo aquilo que é incômodo para tranformar em aprendizado. É querer abrir os olhos, querer tranformar, entender que mesmo que não aparente, sempre sobram forças pra lutar. É saber que quando se triplicam nossos problemas, Deus tem a cuidadosa sutileza de triplicar também nossas forças. Sacrifício é remar, é querer, é agir. É se doer, é chorar abraçando as pernas ou na hora de dormir, é cultuar a tristeza como parte de um processo de evolução pessoal. Sacrifício é se dedicar um tempo livre para dançar, para escrever ou fazer um bolo. É amordaçar quem tenta te morder, é se fazer um carinho porque só nos é que podemos cuidar do nosso sagrado. É amar, é partir, é ficar do lado de quem quer que você fique, é viver. É fazer um esforço para entender que mesmo quem te quer por perto poderá te machucar por não saber como agir. E entender que algumas pessoas não sabem o que querem cultivar em você, e que o não saber corrói com o tempo. É preciso perdoá-las porque todos nós temos falhas. Sacrifício é correr pra longe para fazer a coisa "certa" quando errar a dois é o que mais nos fascina.
Sacrifício é trabalhar com o que nos é sagrado. É cuidar da mente e do coração, e de tudo que está envolvido neste plano. Sacrifício é batalhar pelo que nos dá gosto à vida - e saber que nesse plano não se inclui nada material. É sonhar, é cativar, é rir, é chorar, é reconhecer-se humano. Nem melhor, nem pior: simplesmente humano. O trabalho sagrado começa dentro do coração, no peito, aonde o sangue explode para todo o resto do corpo e isso nos faz sentir vivos. Acredite no que te é sagrado. Sacrifique seu tempo pelo que realmente vale a pena nesse mundo, já que todo o resto, um dia, vai virar pó.

Clarissa M. Lamega


Ps. Perdoem as ausências, anda fatando tempo para postar no blog. ;)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011


"Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos,com mais ou menos ou qualquer coisa.Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar..."

Clarice Lispector

"Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha - e tenho - pra você. Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim."

Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Palavras Azuis

Hoje, venho por meio desta com um propósito especial: dar um pouco de voz a uma pessoa de sentimentos muito nobres e bonitos, que se percebem em suas palavras e maneira de escrever. Essa garota chamada Sarah Habash obviamente tem uma voz que grita, que nos deixa inquietos pensando "meu Deus, que texto mais lindo!". E não é puxa-saquismo barato, não! Ela escreve de um jeito incrivelmente doce e sincero, escreve com o coração. Minha missão pessoal que eu mesma me impûs é de apresentá-la à vocês, e bem.. aí quem decide se encantou-se ou não por essa mocinha de Goiás são vocês. De minha parte, adorei tudo o que ela escreve, é intenso e puro. Aqui vai uma lasquinha pra quem ficou curioso:

"Entrelaçou seus braços em meu corpo e mostrou-me seu pulso. Eu vi o relógio, os segundos passavam tão calmos, talvez pelo valor enorme que eles representavam por estarmos tão juntos naquele momento.
Enfim, eu só queria ter a chance de encontrar uma palavra nesse meu garimpo, que significasse e nela estivesse contido todo esse sentimento que de mim é oferecido a ti. E mesmo não a encontrando, sei que essas aqui juntas já significam alguma coisa. De qualquer forma, desculpe-me por esses cascalhos. Você sabe, o tesouro mesmo, cheio das pedras preciosas, só consigo encontrar (e te dar) quando estou perto de você."

Simplesmente lindo, não? E ela escreve bem do jeito que eu gosto: profundo. E quem quiser acompanhar a Sarah, pode acessar seu blog e ficar mais à vontade com suas "palavras azuis", através do link http://bluewordshabash.blogspot.com/ . Como o blog é beeeem recente e foi feito há alguns dias, ainda não possui um grande número de textos, mas garanto que com os dias essa garota ainda vai fazer muita gente suspirar na frente do computador. Desafio lançado, vamos ver quem mais se encanta com a Sarah (além de mim, claro!).

Um beijão, e obrigada, acima de tudo, a quem me acompanha e lê meu blog. ;)

Clarissa Lamega.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011



"E quanto à beleza? Você acha que ele é um componente importante nas relações?

Eu acho que a beleza das palavras é fundamental. Se você sabe falar no ouvido, no ritmo certo do vento, fazer pausa, criar melodia, você vai se tornar automaticamente bonito. Porque a mulher fecha os olhos para sentir prazer, a voz são os olhos abertos da mulher."
Fabrício Carpinejar in Entrevista Gazeta do Povo - 30/11/2008


"Um amor atrasado não é amor. Um amor atrasado é amizade depois de um amor que não aconteceu."

Fabrício Carpinejar in Canalha!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011



"A gente não é sério aos 17 anos."


Título do livro de Barbara Samson

"Sentar, ambos, de frente pra lua, havendo lua, ou de frente pra chuva, havendo chuva, e juntos fazerem um brinde com as taças, contenham elas vinho ou café, a isso se chama trégua. Uma relação calma entre duas pessoas que, sem se preocuparem em ser modernas ou eternas, fizeram uma da outra seu lugar de repouso. Preguiça de voltar à ativa? Muitas vezes, é. Mas também, vá saber, pode ser amor."


Martha Medeiros in Interrompendo as buscas (Coisas da vida)

"(...) Só o que sobrou mesmo foi a amizade entre eles. E a gente se pergunta: há algo mais nesta vida pra sobrar? Quando chega a nossa hora, o que realmente terá valido a pena? Os rostos, nomes, risadas, pernas, beijos, olhares que nos fizeram felizes por variados e eternos instantes."


Martha Medeiros in O sentido da vida (Coisas da vida)

"Uma pessoa pode ser altamente confiável, gentil, carinhosa, simpática, mas se não é habitada, rapidinho coloca os outros para dormir. Uma pessoa habitada é uma pessoa possuída, não necessariamente pelo demo, ainda que satanás esteja longe de ser má referência. (...)
Pessoas habitadas são aquelas possuídas, de fato, por si mesmas, em diversas versões. Os habitados estão preenchidos de indagações, angústias, incertezas, mas não são menos felizes por causa disso. Não transformam suas ‘inadequações’ em doença, mas em força e curiosidade. Não recuam diante de encruzilhadas, não se amedrontam com transgressões, não adotam as opiniões dos outros para facilitar o diálogo. São pessoas que surpreendem com um gesto ou uma fala fora do script, sem nenhuma disposição para serem bonecos de ventríloquos. Ao contrário, encantam pela verdade que defendem. (...)
Que tenhamos sorte de esbarrar com seres habitados e ao mesmo tempo inofensivos, cujo único mal que possam fazer é nos fascinar e nos manter acordados uma madrugada inteira. Ou a vida inteira, o que é melhor ainda."


Martha Medeiros in Pessoas habitadas (Coisas da vida)


"Bonitas mesmo somos quando ninguém está nos vendo. Atirada no sofá, com uma calça de ficar em casa, uma blusa faltando um botão, as pernas enroscadas uma na outra, o cabelo caindo de qualquer jeito pelo ombro, nenhuma preocupação se o batom resistiu ou não à longa passagem do dia. Um livro nas mãos, o olhar perdido dentro de tantas palavras, um ar de descoberta no rosto. Linda."

Martha Medeiros in Bonitas mesmo (Coisas da vida)

"(...) Nossos palavrões e nossas medíocres palavrinhas, poucas delas alcançando a comunicação desejada e quase nenhuma chegando perto do que somos de verdade."



Martha Medeiros in O direito de calar (Coisas da vida)
 
Só enquanto eu respirar. Design by Exotic Mommie. Illustraion By DaPino