terça-feira, 28 de dezembro de 2010


"O casal perfeito talvez seja aquele que não desiste de correr atrás do sonho e, apesar dos pesares, a cada dia se escolheria novamente, amém."


Lya Luft

"Quando é verdadeira, quando nasce da necessidade de dizer, a voz humana não encontra quem a detenha. Se lhe negam a boca, ela fala pelas mãos, ou pelos olhos, ou pelos poros, ou por onde for. Porque todos, todos temos algo a dizer aos outros, alguma coisa, alguma palavra que merece ser celebrada ou perdoada."


Eduardo Galeano

"Como se vive num mundo tão hipócrita tendo tanta verdade dentro do coração?"


Tati Bernardi

"Vamos chorar juntos, baixinho. Por ter sofrido e continuar tão docemente."


Clarice Lispector in Perto do coração selvagem

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010


"Porque quando você ficou nervoso porque queria me dizer que naquele minuto não estava me amando porque você acha que amor é isso além do que você pode. Amor é só o que você já estava podendo."


Tati Bernardi in A louca do jardim

Desafio dos Sete


A Luciana Mira, uma queridona do blog Queira tocar o céu, me passou esse desafio (que cá entre nós, não é tão fácil assim). E só pra constar, eu adoro o blog dela, visitem! haha
Então vamos ao desafio, para vocês saberem um pouquinho mais de mim.


Sete coisas que eu tenho que fazer antes de morrer

1. Conhecer vários países
2. Escrever um livro
3. Pular de pára-quedas
4. Visitar crianças doentes e arrecadar presentes para elas
5. Visitar um campo de concentração (pode parecer bizarro, mas me interesso muito pelos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial)
6. Aprender a falar francês
7. Ter filhos


Sete coisas que eu mais digo
1. Sério? Não acredito!
2. Fiquei de pokerface
3. Que porra é essa?
4. Ah, claro, senta lá
5. Amei!
6. Se toca
7. Mara!

Sete coisas que eu faço bem

1. Escrever
2. Ajudar, escutar ou aconselhar
3. Dançar igual doida
4. Maquiagem
5. Desenhar
6. Dormir
7. Falar de Deus


Sete defeitos

1. Ser dorminhoca (durmo até a hora que der)
2. Chegar quase sempre atrasada
3. Acreditar demais nas coisas (boto toda a minha fé em coisas ou pessoas que podem dar furada)
4. Não saber fazer piada (eu acho que é defeito, haha)
5. Não saber fazer social quando não tô a fim
6. Ser sincera
7. Não saber mentir bem


Sete qualidades

1. Intensa (sinto de maneira profunda)
2. Amiga
3. Acredito na parte boa das pessoas
4. Sorrir sempre
5. Sincera
6. Afetiva
7. Otimista


Sete coisas que eu amo

1. Família
2. Literatura (ler/escrever)
3. Estar com os amigos
4. Beijar na boca
5. Dançar
6. Rir
7. Assistir Grey's Anatomy


Sete indicados


Obrigada pelo desafio Luciana, foi mesmo bem interessante! E aos novos escolhidos, deixo a chance de mostrarem um pouquinho quem são!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010


"A única maneira de liquidar o dragão é cortar-lhe a cabeça, aparar-lhe as unhas não serve de nada."


José Saramago

"Desejo que o seu melhor sorriso, esse aí tão lindo, aconteça incontáveis vezes pelo caminho. Que cada um deles crie mais espaço em você. Que cada um deles cure um pouco mais o que ainda lhe dói. Que cada um deles cante uma luz que, mesmo que ninguém perceba, amacie um bocadinho as durezas do mundo."


Ana Jácomo

"A imperfeição é bela, a loucura é genial e é melhor ser absolutamente ridículo do que absolutamente chato."


Marilyn Monroe

"E que graça teria a vida se só houvessem dias ensolarados e amigos equilibrados?"



Aurélia Vasconcelos

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010


'Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.'

- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar? - É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.

E eu não tenho necessidade de ti.
E tu não tens necessidade de mim.

Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.

E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."

Antoine de Saint Exupéry in O pequeno príncipe


"Não sei se as pessoas choram de forma diferente umas das outras, eu choro contraída, como se alguém estivesse perfurando minha alma com uma lâmina enferrujada, choro como quem implora, pare, não posso mais suportar, mas o insuportável é uma medida que nunca tem limite, eu chorei no domingo, na segunda, na terça, em várias partes do dia e da noite, um choro de quem pede clemência, de quem está sendo confrontado com a morte, eu estava abandonando uma vida que não teria mais, eu sofria minha própria despedida, morte e parto, eu tinha que renascer e não queria, não quero, sinto que caí num vácuo, perdi a parte boa da minha história, e não quero outra, enquanto choro penso que se alguém me visse chorar dessa maneira me salvaria, prestaria socorro, chamaria uma ambulância, eu nunca vi você chorar, você alguma vez chorou por mim, você sofre a minha ausência, sente minha falta? Estar sozinha nessa aflição me condói de mim mesma, é o labirinto do inferno, não há saída, não há saída, você não está me esperando lá fora, nem hoje, nem amanhã, você não vai fazer nenhum gesto para me resgatar, e se fizesse, eu não estenderia minha mão, e é isso que me faz descrer de tudo, eu sei que acabou, eu estava infeliz ao seu lado, eu estou infeliz sem você, mentira, eu era feliz ao seu lado, e nem sei se a palavra é essa, feliz. Felicidade é um resumo fácil, uma preguiça de investigar o muito mais que nos ergue diariamente, na época era o que me bastava, eu sabia onde estava e com quem, eu não estou infeliz, eu só estou perdida e não consigo mandar nenhum S.O.S., ninguém sabe onde estou, largaram meu corpo em cima dessa cama e ninguém me procura. "



Martha Medeiros in Fora de mim

domingo, 19 de dezembro de 2010

Verdade não-dita

Imagem: Anna Gatilo


Porque para mim sempre foi oito ou oitocentos, eu queria explicar. Porque sou extremista por natureza e ando fazendo uma força excepcional e sobrenatural pra não ir embora para sempre. Porque hoje me deu uma vontade louca de fugir de tudo isso tão nosso que ninguém mais pode dar e começar uma coisa nova. Mas nada. Olho para seus olhos meio tristes e o sorriso meia-boca conformado (seu, inteiramente seu) e dou o pior dos meus piores sorrisos. O sorriso que cala ao sentir a vontade consumista de gritar. E é só isso, nesses dois minutos parados. Nesse tempo em que estamos nos olhando como se tivéssemos algo nas mãos, e fôssemos totalmente responsáveis por isso que queremos jogar em qualquer canto e fingir que nunca existiu. E seguramos juntos toda essa manta que tecemos de mãos próprias para nos escondermos da rotina e que agora só consigo pensar em queimar. Em dar embora, jogar em qualquer latão na rua e correr.
Porque eu não sei conviver com a idéia do não-ter, é o que se passa na minha cabeça de quem pensa que viveu 17 anos em 127 dias. E de quem já cansou de tanto querer pessoas inatingíveis. Alguém me explica como parar de querer? E olha, isso é um saco, deixo também de dizer quando o que transparece nos olhos simplifica. Um suspiro imenso pra arrancar todo o ar do peito, daqueles mais fundos que se pode dar, tentando expulsar tudo o que ficou de você aqui dentro. Porque, que droga, eu não quero mais. Porque eu não sei fingir e sou só a doida de pedra que fala tudo o que pensa mas que cala quando vê seus olhos de tristeza. Que desiste só porque dói abandonar os olhos dotados da capacidade de me fazer largar todas as armas e auto-defesas de que preciso pra ser corajosa - pra ser eu mesma. E só fica o choro baixinho no escuro que ninguém vê e a vontade de se mudar para o Alasca. A falta é uma péssima companhia pra mim e o conformismo enfiado recentemente na minha cabeça é o que mais me deu medo até agora, em toda a minha vida. Você entende? Não, você não entende. Você é só o cara que gosta de me contrariar e que acha os fins as coisas mais normais do mundo. Não esse fim. Não o fim que poderia não ser o fim, compreende? Sem chances de eu tentar te explicar.
Afinal eu sou só a que tem vontade de correr mil e quinhentos quilômetros com a pseudo certeza de que esse tipo de pensamento jamais me seguiria. A que tem vontade de sumir, de se tornar invisível e voltar e recomeçar e inventar. A que adora sentar em cima das coisas que dão errado e ter pequenos surtos de amnésia só para recomeçar sentindo que, dessa vez, tudo dará certo. A que não sabe fingir, que não sabe mentir, que não faz social e nem pose de madame, a que não tem medo de mostrar quem é. Nem que isso afaste todos os seres vivos do planeta de perto de mim. E por incrível que pareça, o que mais me dá medo é querer deixar as coisas como estão entre a gente. Brincar como se isso não me matasse um pouquinho por dentro. Concordar com tudo num 'fazer-o-quê?' sempre mal-estruturado. Não, nao sou eu. Quem é essa estranha que te quer por perto mesmo com suas palavras mornas que nada amenisam o susto de perder? Quem é essa que tomou meu lugar, que acredita que o que vier é bom, que tudo isso é uma maravilha do jeito que está? Cadê eu nessa história?
Eu tô segurando o que construímos com as duas mãos e te olhando nos olhos como tarefa árdua. E você segura a outra ponta já esperando meu surto pré-determinado de ir embora com aquele sorriso que bem conheço de achar tudo sempre legal, tudo sempre bom como está. E eu quero gritar no seu ouvido que não tá legal, que nada disso pode ficar assim, e que eu jamais vou ser aquela que aceita tudo o que a vida joga no meu prato. A que não engole o que vier, a que reclama das coisas fúteis e de pessoas que mantêm o sorriso do 'fazer-o-quê?' entre as orelhas. E me dá a vontade de te sacudir e te mandar jamais ser morno de novo, jamais não esperar mais nada dos seus dias, jamais me deixar ir embora do jeito que eu tô querendo ir nesse exato momento. E como um boneco, uma estátua, você continua parado com olhos de ressaca e com toda essa coisa que jamais será amor e jamais será amizade nas suas mãos como se o tempo desse um desfecho perfeito em tudo. Chega! Eu quero ir embora! Eu sou intensa, sou maluca, e a única maneira que conheço de viver é sentindo como golpes todos os sentimentos de cuidado, carinho ou proteção que atiram contra mim. Ou eu amo e sinto, ou não me importa e não sinto. Mas morno é o que mata, ficar parada é o que destrói. Esperar eu não sei fazer, e não há santo que me ensine. Não peço mais nada, não cobro mais nada, não espero mais nenhum ato ou palavra de salvação pra gente. E essa é a parte de mim que desconheço. Conviver com uma estranha dentro de mim é trezentas vezes pior do que conviver com a sua mansidão diante da vida. E tudo isso é sobre mim, não sobre você.

Clarissa M. Lamega

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


"Por mais flores e risos, e beijos e carinho e, droga, compreensão mútua e ma-tu-ri-da-de. Por mais apaixonado, por mais legal. Para mim, nunca."


Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010


"Porque eu te encontrei, da forma mais esdrúxula e inesperada. E me apaixonei pelo cheiro e pelo balanço meigo e suave dos seus quadris. E como duas sacolas plásticas que se enroscam na cidade, no meio do caos, movidos por um breve redemoinho pré-chuva, a gente resolveu que ia se amar. E ninguém sabe melhor sobre nós, que nós. Ninguém poderia me dar um só argumento pra que eu devesse ficar com você. Quem dirá essa gente lá fora, cheias do Complexo de Romeu e Julieta."


Gabito Nunes in Guarda-chuva


"Sei viver sem você, oficialmente falando. Mas eu não quero, não vou. Eu poderia te dizer aquelas doces mentiras sinceras - 'Você-é-minha-vida', 'Não-sei-o-que-seria-da-minha-vida-sem-você' ou todo esse tipo de porcaria que a gente diz no calor da hora. As pessoas são assim, dizem que não sabem viver sem você. Depois aprendem e esquecem de comemorar contigo. E deixam vazio o lugar que sempre será delas. Eu não, simplesmente estou aqui. De vez em quando sujo, entediado, agressivo, mal-humorado, triste, calado e chato. Mas aqui."


Gabito Nunes in Guarda-chuva

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010


"Respiro aliviada e sugo o máximo de você, pra ter a certeza absoluta de que não é você. Não sonhei com você. Não quero passar minha vida ao lado da pessoa mais estranha do mundo. Imagina só ficar grávida de um homem que tem pavor de mulher com enjôo? Imagina só ficar velha ao lado de um homem que tem pavor da vida óbvia, cotidiana e imperfeita? Eu viveria infeliz.
Não é você. E lá vem você me perguntar porque é que estão todos casando, e falar pela trigésima vez que você vai acabar sozinho e não deve nada a ninguém. E lá vem você me olhar apaixonado e, no segundo seguinte, frio. E me falar para eu não sofrer e para eu ir embora e para eu não esperar nada e para eu não desistir de você. E eu me digo que não é você. (...)
Me despeço, já sem aquela dor aterrorizante, das partes de você que mais amo. Ainda que eu nem te ame mesmo. E me despeço das partes da sua casa que eu mais amo. Ainda que nada disso seja amor."


Tati Bernardi in Eu nem te amo mesmo

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010


“Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem a sensação de que sempre esteve aqui, quando eu sei que não estava. Conta por que nada do que diz sobre você me parece novidade, como se eu estivesse lá, nos lugares que relembra, quando eu sei que não estive. Conta onde nasce essa familiaridade toda com os seus olhos. Onde nasce a facilidade para ouvir a música de cada um dos seus sorrisos. Onde nasce essa compreensão das coisas que revela quando cala. Conta de onde vem a intuição da sua existência tanto tempo antes de nos encontrarmos. Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem o sentimento de que a sua história, absolutamente nova, é como um livro que releio aos poucos e, ao longo das páginas, apenas recordo trechos que esqueci. Conta de onde vem a sensação de que nos conhecemos muito mais do que imaginamos. De que ouvimos muito além do que dizemos. De que as palavras, às vezes, são até desnecessárias. Conta de onde vem essa vontade que parece tão antiga de que os pássaros cantem perto da sua janela quando cada manhã acorda. De onde vem essa prece que repito a cada noite, como se a fizesse desde sempre, para que todo dia seu possa dormir em paz. Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem essa repentina admiração tão perene. De onde vem o sentimento de que nossas almas dialogavam muito antes dos nossos olhos se tocarem. Conta por que tudo o que é precioso no seu mundo me parece que já era também no meu. De onde vem esse bem-querer assim tão fácil, assim tão fluido, assim tão puro. Conta de onde vem essa certeza de que, de alguma maneira, a minha vida e a sua seguirão próximas, como eu sinto que nunca deixaram de estar. Conta pra mim por que, por mais que a gente viva, o amor nos surpreende tanto toda vez que vem à tona.”


Ana Jácomo



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Indicação de Marcos Ferreira. Obrigada, achei lindíssimo *-*

"Hoje acordei inteira. Migalhas? Pedaços? Não, obrigada. Não gosto de nada que seja metade. Não gosto de meio termo. Gosto dos extremos. Gosto do frio. Gosto do quente (depende do momento.) Gosto dos dedinhos dos pés congelados ou do calor que me faz suar o cabelo. Não gosto do morno. Não gosto de temperatura-ambiente. Na verdade eu quero tudo. Ou quero nada. Por favor, nada de pouco quando o mundo é meu. Não sei sentir em doses homeopáticas. Sempre fui daquelas que falam "eu te amo" primeiro. Sempre fui daquelas que vão embora sem olhar pra trás. Sempre dei a cara à tapa. Sempre preferi o certo ao duvidoso. Quero que se alguém estiver comigo, que esteja. Mesmo que seja só naquele momento. Mesmo que mude de idéia no dia seguinte."


Fernanda Mello

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Nas ondas do teu mar


Sabe aquela onda gigantesca e avassaladora que te dá um caldo na praia toda vez que você se atreve a encarar o mar? De nariz empinado, vai pulando as ondinhas toda serelepe até encontrar aquela de dois metros e meio que te faz rolar, tira seu biquíni do lugar e ainda por cima acaba com a sua pose de boazuda. É, nos últimos meses eu venho sendo afogada por essa maré de desespero com espumas de histeria que você é. E sempre que me sinto na maior, com o controle da situação, tua força imensa arrasta minhas pernas do lugar pra me mostrar mais uma vez o quanto eu fico fraca, burra e carente perto do seu sorriso incerto. É sempre a ladainha do querer-e-não-poder e do psicopensamento tô-nem-aí-pra-você, e você com cara de tacho demonstrando o quanto pode ser idiota, o quanto se engana com o que pensa querer e na verdade não quer. Pô, até eu sei que você não quer inisistir nisso. Até a louca, desvairada, carente e obsessiva por orkut da ex e por colo sabe que não vai dar certo. Será que, além de repetir cento e cinquenta vez 'não vai dar certo' pra mim mesma em pensamentos frágeis todos os dias, eu preciso gritar isso pra você também? E agora, dá pra você parar de ser o maremoto e se tornar uma daquelas ondinhas inofensivas de beira de praia? Eu tô tentando, pô. Colabora pra eu ter uma repentina amnésia amorosa.
Você é a onda de calor, a maré do afeto, o tsunami que não deixa sobrevieventes pelo caminho. Você é a água geladinha que dá só pra molhar os pés, porque a água na cintura já se torna perigosa. Suas mãos na minha cintura se tornam perigosas. E como um barquinho na tempestade, imersa em teus olhos, me deixo afundar. Em transe, em estado de anomalia, maluquinha da silva, te busco. E te procuro em lugares em comum, nas ruas da cidade, na tua voz chamando meu nome. Te espero na porta lá de casa, e ainda digo "vamos lá, pode entrar, ondinha". Mas você não é onda, você é gigante e forte feito maremoto. Você não entra: invade. Invade a casa, o pensamento, a razão, o coração. Até tudo ficar imerso no teu mar, até eu querer me perder pra sempre no cantinho do seu sorriso safado. E lá vem você de novo me chamando pra bater um papo comum pra saber como eu tô. Pra descobrir se você ainda tem o poder sobenatural de arrancar meu medo, de me fazer andar aos pulinhos e te querer muito. E te querer sempre. E sentir falta do seu cabelo bagunçado, das suas mãos desajeitadas e dos olhos analíticos super curiosos a me observar. Sim, você consegue fazer isso. Um aviso, então: não precisa mais tentar, você já sabe que dará certo.
E em todas as vezes você me fez feliz. Em todos os momentos, aquele carinho nas costas e o cheirinho no pescoço se sentiram dignos de serem exibidos mundo afora. Eu, com sorriso quilométrico de orelha a orelha, mergulhando no tsuname como patinha boba. Levando os maiores caldos da história da humanidade, me afogando um pouquinho mais a cada dia na tua água, e sempre à postos quando ouço tua voz me chamando. E eu te juro que nesses dias todos a única coisa que eu mais queria era ser menos sensível com você, e mais sensível comigo. Fugir dos teus braços como se foge de macumba, fugir da perdição da tua boca pra afastar toda a ressaca do dia seguinte. Sair daqui sem me embolar no arrastão que você faz dentro de mim, sem levar pedaços meus a cada baque mais forte das tuas ondas no meu peito. Mas colabora, vai, queridinho. Tá chegando o fim do ano, a época de pular as sete ondinhas e de fazer um pedido a cada onda. Me deixa pular a sua também, transpassar e fazê-la ir embora. Me deixe passar ilesa por ela, pra que na virada do ano um dos meus pedidos não seja te ter novamente. Colabora, deixa eu ser corajosa, deixar pra trás, e seguir em frente. Mais ondas virão, eu tenho certeza. Então deixe de ser tempestade, e me ajude a fazer do maremoto uma onda sutil. Tudo o que dói, dói porque é capaz de mexer lá no fundo da gente. Que você se torne arredio e escorra como água nos dedos, pra enfim me fazer desistir de te segurar. E que você também não sinta mais falta da minha preocupação persistente pra que você seja feliz. Que meu pedido nesse novo ano seja pra que as águas se renovem numa paz plena de felicidade. Me deseje coisas boas também: Deus me emprestará Seus olhos pra te vigiar e me contar se você está sorrindo da maneira que prometeu, pra eu poder seguir em frente. Sem culpa.



Clarissa M. Lamega

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010


"Popó certa vez disse, em uma entrevista, que na hora a pancada não dói, só dói no dia seguinte. Por que seria diferente com ele, se com todos nós funciona assim?"


Martha Medeiros in A pancada no dia seguinte (Coisas da vida)

"[...] Ela lamentava um amor arrancado a fórceps de dentro dela. Seu homem se fora. Doía no século 17, dói no terceiro milênio, certas coisas não mudam. "


Martha Medeiros in Ai de mim (Coisas da vida)
 
Só enquanto eu respirar. Design by Exotic Mommie. Illustraion By DaPino