terça-feira, 28 de dezembro de 2010
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Desafio dos Sete
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
'Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.'
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Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.
E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
Antoine de Saint Exupéry in O pequeno príncipe
domingo, 19 de dezembro de 2010
Verdade não-dita
Porque para mim sempre foi oito ou oitocentos, eu queria explicar. Porque sou extremista por natureza e ando fazendo uma força excepcional e sobrenatural pra não ir embora para sempre. Porque hoje me deu uma vontade louca de fugir de tudo isso tão nosso que ninguém mais pode dar e começar uma coisa nova. Mas nada. Olho para seus olhos meio tristes e o sorriso meia-boca conformado (seu, inteiramente seu) e dou o pior dos meus piores sorrisos. O sorriso que cala ao sentir a vontade consumista de gritar. E é só isso, nesses dois minutos parados. Nesse tempo em que estamos nos olhando como se tivéssemos algo nas mãos, e fôssemos totalmente responsáveis por isso que queremos jogar em qualquer canto e fingir que nunca existiu. E seguramos juntos toda essa manta que tecemos de mãos próprias para nos escondermos da rotina e que agora só consigo pensar em queimar. Em dar embora, jogar em qualquer latão na rua e correr.
Porque eu não sei conviver com a idéia do não-ter, é o que se passa na minha cabeça de quem pensa que viveu 17 anos em 127 dias. E de quem já cansou de tanto querer pessoas inatingíveis. Alguém me explica como parar de querer? E olha, isso é um saco, deixo também de dizer quando o que transparece nos olhos simplifica. Um suspiro imenso pra arrancar todo o ar do peito, daqueles mais fundos que se pode dar, tentando expulsar tudo o que ficou de você aqui dentro. Porque, que droga, eu não quero mais. Porque eu não sei fingir e sou só a doida de pedra que fala tudo o que pensa mas que cala quando vê seus olhos de tristeza. Que desiste só porque dói abandonar os olhos dotados da capacidade de me fazer largar todas as armas e auto-defesas de que preciso pra ser corajosa - pra ser eu mesma. E só fica o choro baixinho no escuro que ninguém vê e a vontade de se mudar para o Alasca. A falta é uma péssima companhia pra mim e o conformismo enfiado recentemente na minha cabeça é o que mais me deu medo até agora, em toda a minha vida. Você entende? Não, você não entende. Você é só o cara que gosta de me contrariar e que acha os fins as coisas mais normais do mundo. Não esse fim. Não o fim que poderia não ser o fim, compreende? Sem chances de eu tentar te explicar.
Afinal eu sou só a que tem vontade de correr mil e quinhentos quilômetros com a pseudo certeza de que esse tipo de pensamento jamais me seguiria. A que tem vontade de sumir, de se tornar invisível e voltar e recomeçar e inventar. A que adora sentar em cima das coisas que dão errado e ter pequenos surtos de amnésia só para recomeçar sentindo que, dessa vez, tudo dará certo. A que não sabe fingir, que não sabe mentir, que não faz social e nem pose de madame, a que não tem medo de mostrar quem é. Nem que isso afaste todos os seres vivos do planeta de perto de mim. E por incrível que pareça, o que mais me dá medo é querer deixar as coisas como estão entre a gente. Brincar como se isso não me matasse um pouquinho por dentro. Concordar com tudo num 'fazer-o-quê?' sempre mal-estruturado. Não, nao sou eu. Quem é essa estranha que te quer por perto mesmo com suas palavras mornas que nada amenisam o susto de perder? Quem é essa que tomou meu lugar, que acredita que o que vier é bom, que tudo isso é uma maravilha do jeito que está? Cadê eu nessa história?
Eu tô segurando o que construímos com as duas mãos e te olhando nos olhos como tarefa árdua. E você segura a outra ponta já esperando meu surto pré-determinado de ir embora com aquele sorriso que bem conheço de achar tudo sempre legal, tudo sempre bom como está. E eu quero gritar no seu ouvido que não tá legal, que nada disso pode ficar assim, e que eu jamais vou ser aquela que aceita tudo o que a vida joga no meu prato. A que não engole o que vier, a que reclama das coisas fúteis e de pessoas que mantêm o sorriso do 'fazer-o-quê?' entre as orelhas. E me dá a vontade de te sacudir e te mandar jamais ser morno de novo, jamais não esperar mais nada dos seus dias, jamais me deixar ir embora do jeito que eu tô querendo ir nesse exato momento. E como um boneco, uma estátua, você continua parado com olhos de ressaca e com toda essa coisa que jamais será amor e jamais será amizade nas suas mãos como se o tempo desse um desfecho perfeito em tudo. Chega! Eu quero ir embora! Eu sou intensa, sou maluca, e a única maneira que conheço de viver é sentindo como golpes todos os sentimentos de cuidado, carinho ou proteção que atiram contra mim. Ou eu amo e sinto, ou não me importa e não sinto. Mas morno é o que mata, ficar parada é o que destrói. Esperar eu não sei fazer, e não há santo que me ensine. Não peço mais nada, não cobro mais nada, não espero mais nenhum ato ou palavra de salvação pra gente. E essa é a parte de mim que desconheço. Conviver com uma estranha dentro de mim é trezentas vezes pior do que conviver com a sua mansidão diante da vida. E tudo isso é sobre mim, não sobre você.
Clarissa M. Lamega
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Não é você. E lá vem você me perguntar porque é que estão todos casando, e falar pela trigésima vez que você vai acabar sozinho e não deve nada a ninguém. E lá vem você me olhar apaixonado e, no segundo seguinte, frio. E me falar para eu não sofrer e para eu ir embora e para eu não esperar nada e para eu não desistir de você. E eu me digo que não é você. (...)