Guarda um segredo: às vezes, é preciso se desprender do que deseja para descobrir o que merece. - Renata Carneiro
Como se aprende a se conformar com as coisas? É isso, só isso que eu preciso saber. Não sei aceitar, não entrego uma luta de bandeja e muito menos finjo estar tudo bem - eu não sei fingir. Não sei como dizer "olha, eu quero muito, muito, muito, mas...". O "mas" é o que me horroriza. Para mim, não existem "mas", e se eu realmente quero, me sinto digna da tentativa até não restar nenhum farelo de chance. Como deixar ir embora sem levar junto um pedaço a cada olhar, a cada letra de música, a cada palavra, a cada vontade engasgada? Pois eu, eu só penso em você.
Não se deixe levar assim, não. Olha, veja bem dentro dos meus olhos aquela que surta por medo de que acabe tudo agora, mas que ao mesmo tempo cala por medo de que nada acabe e que o que continue seja doloroso para os dois. Segura a minha mão, ó. Veja como ela fica firme quando tem a sua junto dela. Veja como eu sorrio, como eu abaixo a cabeça pensando que você é, ao mesmo tempo, a melhor e a pior coisa que poderia me acontecer agora. Escute meus adjetivos estúpidos de "idiota, tosco, retardado", e repare que por trás deles existe um tom meio melodramático de "te quero sempre, sempre bem". Olho para o seu cabelo meio sem sal, a sua indecisão atrevida e angustiante, sua maneira de não dizer nada até o sufoco pregar uma peça e se ver obrigado a confessar tudo - que não dá pra ficar longe, que com a voz perto do ouvido, um olho-no-olho e uma mão disfarçada na perna fica cada vez melhor - e penso que nunca mais quero desistir de você. Volto para casa com o coração latejando e ardendo, e me sentindo tão, mas tão grande que mal poderia passar pela porta. Que seguiria meio em transe até o quarto para ouvir a mesma música que, desafinado, você cantava baixinho. E sinto um peso tão grande no peito por ter que largar tudo isso, por ter que desistir do que tira o fôlego mas que também traz uma maré de borboletas no estômago.
Como deixar seguir, tocar o barquinho sem ter vontade de se jogar no mar? Como não ser louca quando é você quem me olha bem dentro dos olhos e me sorri daquela maneira que me deixa constrangida? Como se conformar em fazer voarem pra longe suas piadas sem graça que só você ri? "Vai, minha filha, deixa ir embora", me ordeno olhando no espelho pra ver se aprendo a ser gente normal que sabe a hora de trancar a porta. De parar. Pra ver se aprendo a não esperar mais nenhuma mensagem à noite, não esperar nenhum sinal de vida, não querer escutar nenhuma palavra a mais. Pra comprovar que sou forte e que a falta é passageira. Eu sou forte, eu sei, eu sei. Vai ver é por isso que me torturo tanto: já sei que sou forte feito pedra, mas quero ser molinha feito o colchão da sua cama. Queria ceder, sentir o mix que é sofrer e amar, sem me privar tanto de ouvir tua voz. Mas não, não dá. "Todos os seus amigos estão esperando e torcendo pra que você seja durona, pra que supere numa boa, pra que eles não precisem mais escutar a mesma conversa sobre os dias em que ele aparece e te deixa com o coração na mão", diz a vozinha irritante na minha cabeça. Então é isso ser forte? Deixar de buscar aquilo que mais me faz amar a vida porque também é o que mais me faz perder o ar? Ora, me poupe, racionalidade do caramba! Vá pastar. Não é do meu caráter deixar coisas boas irem embora. E te juro, que a minha vontade era segurar seu rosto, cara, olhar pra você e dizer bem devagar que... O que, vozinha? Não falar pra ele faz parte do processo mesmo? Ah tá, então deixa pra lá. Difícil ser forte.
Como deixar seguir, tocar o barquinho sem ter vontade de se jogar no mar? Como não ser louca quando é você quem me olha bem dentro dos olhos e me sorri daquela maneira que me deixa constrangida? Como se conformar em fazer voarem pra longe suas piadas sem graça que só você ri? "Vai, minha filha, deixa ir embora", me ordeno olhando no espelho pra ver se aprendo a ser gente normal que sabe a hora de trancar a porta. De parar. Pra ver se aprendo a não esperar mais nenhuma mensagem à noite, não esperar nenhum sinal de vida, não querer escutar nenhuma palavra a mais. Pra comprovar que sou forte e que a falta é passageira. Eu sou forte, eu sei, eu sei. Vai ver é por isso que me torturo tanto: já sei que sou forte feito pedra, mas quero ser molinha feito o colchão da sua cama. Queria ceder, sentir o mix que é sofrer e amar, sem me privar tanto de ouvir tua voz. Mas não, não dá. "Todos os seus amigos estão esperando e torcendo pra que você seja durona, pra que supere numa boa, pra que eles não precisem mais escutar a mesma conversa sobre os dias em que ele aparece e te deixa com o coração na mão", diz a vozinha irritante na minha cabeça. Então é isso ser forte? Deixar de buscar aquilo que mais me faz amar a vida porque também é o que mais me faz perder o ar? Ora, me poupe, racionalidade do caramba! Vá pastar. Não é do meu caráter deixar coisas boas irem embora. E te juro, que a minha vontade era segurar seu rosto, cara, olhar pra você e dizer bem devagar que... O que, vozinha? Não falar pra ele faz parte do processo mesmo? Ah tá, então deixa pra lá. Difícil ser forte.
Clarissa M. Lamega
6 comentários:
Adorei o texto...
As vezes também me bate essa vontade de correr para o que eu quero e mandar tudo a pqp...
Mas ai então vem o depois... não tenho certeza se será gratificante ou dolorido demais...
Lindo seu texto *--*
beijos
Oi, gosto tanto do seu blog que te indiquei para os Prêmios Dardos. Passa lá no meu e confere!
Nossa... amei, amei, amei!
E daí que mereço mais se é ele quem eu amo? Quem me faz perder o fôlego, quem me faz rir à toa e tudo mais...
Bjaooo
Ameei demais esse texto, eu sempre amo teus textos :x dificil nao gostar, e puro sentimento. Incrivel mas e exatamente oq venho sentindo.. Parabeens!! Beeeijoos
Oie!
Parabéns pelo testo é lindo. Achei seu blog nessa nossa vida de blogueira, e tve a audacia de copiar um trecho, mas coloco os scréditos claro.
passa depois pra ler meus dramas!
Um beijo.!
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