quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Amor igual ao teu, eu nunca mais terei


Menina do balaio, que é que me aconteceu
Cê aparece sem pressa, e depressa leva o que é meu
Na boca um beijo e no abraço
Meu braço, não sei qual
A gente se misturando, feito leite e café
Menina do balaio - O Teatro Mágico


"Quais são teus medos, guria linda?", foi minha vontade de te perguntar quando mirei seus olhos cor-de-mel analisando minha barba mal-feita na quarta-feira chuvosa. Aqui, você sabe, chove direto e é mais uma chance de ficar trancado com você e saborear teu café com gosto de amor quente. Você enrolava os cabelos com a ponta dos dedos - como se quisesse cachear cada uma das mechas do teu cabelo ondulado-sem-definição que eu adoro bagunçar quando te beijo na marra segurando firme a sua nuca. Com uma interrogação crescente nos olhos, você é um mistério para mim. Admito, pois, que quero devassar seus temores e fingir que quando eu te abraço você sente que pode fazer qualquer coisa no mundo - mesmo que eu esteja fantasiando, mesmo que tudo seja só coisa da minha cabeça. Você segura meu rosto entre as mãos e eu me preparo para um frase de efeito sua ou qualquer coisa que soe mais séria. Então eu creio que minha expressão denuncie um pavor interno - de discutir relacionamento, de você querer especular meus sentimentos - pois você ri ainda vidrada nos meus olhos como se soubesse o quanto eu não sei demonstrar o que sinto com você. Ri e me beija divertida com toda a situação e encabulamento que me causa em apenas 3 segundos.
Não nego também a minha grande tara pela sua bunda redonda e perfeita, pelos teus quadris e barriguinha lisa em que gosto de passear meu dedo indicador em linha reta até atravessar o vão do umbigo, reparando em como tua pele se arrepia pelos lugares tocados. Até você encolher a barriga e cobrir com as mãos de vergonha. Vergonha de quê, mulher? Se teu corpo tem o formato perfeito pra se encaixar no meu. Se eu sei o efeito de falar palavras soltas no seu ouvido, se eu sei os lugares exatos aonde tocar pra te deixar lá no céu. Te fazer minha por desvendar segredos que nenhum outro homem saiba a respeito de ti. Por reparar na maneira como você anda charmosa mas sem rebolar muito. Saber que você sempre veste a calça antes da camiseta, que adora dançar de cabelo solto para jogá-lo com as mãos e fazer pose durante a música. Aliás, naquela manhã de domingo eu passei pela sala a tempo de te ver dançando e cantando com o microfone (controle remoto da televisão) em pulos animados pelos cantos. Fiquei embasbacado em te ver ali, toda destrambelhada provavelmente se achando tão sexy quanto a Beyoncé em cima de um palco. E era até mais do que ela, se quer saber, pelo simples fato de ser quem você é. Eu queria ter uma máquina fotográfica naquela hora, só pra guardar escondido o show que você deu. Mas, brincadeiras à parte, você me faz mais forte, mulher.
Me encho do perfume do seu cabelo a noite inteira quando durmo abraçado ao teu corpo, como se fôssemos um só. Admiro tua garra, tua maneira de deixar as coisas mais leves, menos tensas. E aquela vez em que, quando você lavava a louça, eu me esgueirei de fininho, cheguei por trás de você e grudei minhas mãos na sua cintura? Você deu um pulo de susto e logo começou a rir, se arrepiando inteira por eu ter te dando um cheiro no cangote. E adoro causar essa sensação de espanto e cuidado contigo, demosntrar - mesmo que não seja por palavras - que eu vou cuidar de você daqui por diante. Eu quase fico esmagado pela sua maneira de parar com a mão na cintura e medir de cima a baixo largado no sofá, dizendo "seu folgado!" até eu te puxar pra perto de mim. Ouço até mesmo suas reclamações da chuva que estraga o cabelo, de não ter tido tempo de fazer as unhas, de como o trânsito anda péssimo de manhã e das catástrofes acontecendo por todo o planeta. Eu só escuto meia-sola pensando na verdade por que diabos você tem que ficar tão linda com aquele meu camisetão escrito "lembrança de Bombinhas" que você usa para dormir. Me apaixonei pelo jeito que você aquieta o cabelo atrás das orelhas enquanto fala sem perceber que eu reparo tanto em você.
Não quero que você tenha dúvidas em relação a mim. Eu também não tenho nem idéia de como vai ser agora, do que vamos fazer com a vontade louca de nos vermos e nos termos sem o tempo que necessitaríamos para nos saciarmos um do outro. Mas nossos corpos combinam numa soma perfeita, mulher. Você que lê tanto e sabe de tantos autores, que se delicia com os romances dos livros, agora sente na pele como é amar de verdade. Você que me manda tantos trechos singulares me desmistifica adivinhando meus pensamentos. Me desarma quando descobre o que eu sinto daquela tua maneira indireta de mandar "uma frase que tem tudo a ver" comigo. Eu quero que todas essas palavras de amor, loucura e paixão eu faça você sentir. Te cobrir de beijos tão verdadeiros quanto o meu bem-querer por ti. Que você saiba que é linda até mesmo com sono e olheiras por conta da rotina pesada. Que eu amo as pintinhas que você tem nas costas, que adoro o jeito livre que você fala e ri. Que não tenho pudor em dizer que te amo, de cima pra baixo e ao contrário também. Com todas as letras. Que você saiba, mulher, que o que eu quero agora é ficar com você. Presta atenção em mim agora, que eu vou repetir: e-u-q-u-e-r-o-f-i-c-a-r-c-o-m-v-o-c-ê. Então chega de paranóia. Você sabe de todas as minhas fraquezas, e eu tô me rendendo à tua mordida leve no meu queixo agora. Tô me rendendo ao bonito que é te ver me puxando pra dançar na cozinha enquanto esperamos a água do macarrão ferver. Me rendo à você e aos seus olhos cor-de-mel interrogativos que me fitam como se eu fosse teu homem. É, na vedade eu sou. Eu sou teu homem, mulher.

Clarissa M. Lamega

3 comentários:

Anônimo disse...

Lindo texto , Clarissa !
Suspiros sim , muitos ...

Bjo.

Franck disse...

Clarissa, já virou lugar-comum, mas adoro lê teus textos, são tão tocantes...Não sei pq andas demorando a postar algo...
Bjs*

Gabriela Furtado disse...

uuuauu, uaau, adooorei. lindo demais, flor
um beijo enorme

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