quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Nas ondas do teu mar


Sabe aquela onda gigantesca e avassaladora que te dá um caldo na praia toda vez que você se atreve a encarar o mar? De nariz empinado, vai pulando as ondinhas toda serelepe até encontrar aquela de dois metros e meio que te faz rolar, tira seu biquíni do lugar e ainda por cima acaba com a sua pose de boazuda. É, nos últimos meses eu venho sendo afogada por essa maré de desespero com espumas de histeria que você é. E sempre que me sinto na maior, com o controle da situação, tua força imensa arrasta minhas pernas do lugar pra me mostrar mais uma vez o quanto eu fico fraca, burra e carente perto do seu sorriso incerto. É sempre a ladainha do querer-e-não-poder e do psicopensamento tô-nem-aí-pra-você, e você com cara de tacho demonstrando o quanto pode ser idiota, o quanto se engana com o que pensa querer e na verdade não quer. Pô, até eu sei que você não quer inisistir nisso. Até a louca, desvairada, carente e obsessiva por orkut da ex e por colo sabe que não vai dar certo. Será que, além de repetir cento e cinquenta vez 'não vai dar certo' pra mim mesma em pensamentos frágeis todos os dias, eu preciso gritar isso pra você também? E agora, dá pra você parar de ser o maremoto e se tornar uma daquelas ondinhas inofensivas de beira de praia? Eu tô tentando, pô. Colabora pra eu ter uma repentina amnésia amorosa.
Você é a onda de calor, a maré do afeto, o tsunami que não deixa sobrevieventes pelo caminho. Você é a água geladinha que dá só pra molhar os pés, porque a água na cintura já se torna perigosa. Suas mãos na minha cintura se tornam perigosas. E como um barquinho na tempestade, imersa em teus olhos, me deixo afundar. Em transe, em estado de anomalia, maluquinha da silva, te busco. E te procuro em lugares em comum, nas ruas da cidade, na tua voz chamando meu nome. Te espero na porta lá de casa, e ainda digo "vamos lá, pode entrar, ondinha". Mas você não é onda, você é gigante e forte feito maremoto. Você não entra: invade. Invade a casa, o pensamento, a razão, o coração. Até tudo ficar imerso no teu mar, até eu querer me perder pra sempre no cantinho do seu sorriso safado. E lá vem você de novo me chamando pra bater um papo comum pra saber como eu tô. Pra descobrir se você ainda tem o poder sobenatural de arrancar meu medo, de me fazer andar aos pulinhos e te querer muito. E te querer sempre. E sentir falta do seu cabelo bagunçado, das suas mãos desajeitadas e dos olhos analíticos super curiosos a me observar. Sim, você consegue fazer isso. Um aviso, então: não precisa mais tentar, você já sabe que dará certo.
E em todas as vezes você me fez feliz. Em todos os momentos, aquele carinho nas costas e o cheirinho no pescoço se sentiram dignos de serem exibidos mundo afora. Eu, com sorriso quilométrico de orelha a orelha, mergulhando no tsuname como patinha boba. Levando os maiores caldos da história da humanidade, me afogando um pouquinho mais a cada dia na tua água, e sempre à postos quando ouço tua voz me chamando. E eu te juro que nesses dias todos a única coisa que eu mais queria era ser menos sensível com você, e mais sensível comigo. Fugir dos teus braços como se foge de macumba, fugir da perdição da tua boca pra afastar toda a ressaca do dia seguinte. Sair daqui sem me embolar no arrastão que você faz dentro de mim, sem levar pedaços meus a cada baque mais forte das tuas ondas no meu peito. Mas colabora, vai, queridinho. Tá chegando o fim do ano, a época de pular as sete ondinhas e de fazer um pedido a cada onda. Me deixa pular a sua também, transpassar e fazê-la ir embora. Me deixe passar ilesa por ela, pra que na virada do ano um dos meus pedidos não seja te ter novamente. Colabora, deixa eu ser corajosa, deixar pra trás, e seguir em frente. Mais ondas virão, eu tenho certeza. Então deixe de ser tempestade, e me ajude a fazer do maremoto uma onda sutil. Tudo o que dói, dói porque é capaz de mexer lá no fundo da gente. Que você se torne arredio e escorra como água nos dedos, pra enfim me fazer desistir de te segurar. E que você também não sinta mais falta da minha preocupação persistente pra que você seja feliz. Que meu pedido nesse novo ano seja pra que as águas se renovem numa paz plena de felicidade. Me deseje coisas boas também: Deus me emprestará Seus olhos pra te vigiar e me contar se você está sorrindo da maneira que prometeu, pra eu poder seguir em frente. Sem culpa.



Clarissa M. Lamega

1 comentários:

Gabriela Furtado disse...

Ah flor, tem fé e cruzas os dedos que logo passa essa onda forte para que outras passem tbm...
um beijo enorme
p.s é sempre MUITO bom ler-te!

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