domingo, 14 de março de 2010


Nada adianta. Comprei roupas diferentes, mudei o cabelo, tô indo em lugares diferentes, arrumei um emprego novo. Ando estudando, me aplicando, rindo à beça com meus amigos e falando mais besteira que a boca consegue suportar. Rio até a barriga doer, que nem as pessoas dizem pra gente fazer, sabe? Eu sei, minha vida tá bem legalzinha agora, mas não consigo me contentar com pouco. Eu sou daquelas pessoas que está sempre buscando, e sempre quer mais, não consegue sussegar e admirar o que tem. Não sei parar pra ver a paisagem, as flores e o passarinho cantando por muito tempo. Minha insatisfação constante - e incômoda - não me deixa respirar e sentir devagar. Eu quero sempre mais, quero sempre melhor, quero sempre inteiro. Quero me sentir viva por cada instantezinho sequer, quero tomar banho gelado e sentir a água invadindo cada pedacino do meu corpo, quero sentir no peito a dor de te gostar com meu maior mazoquismo saudável. O único que me faz bem, que me faz sentir que vivo, que grito, arrombo, respiro, sorrio e vivo.
Quero beijar seu pescoço e te morder seus lábios sutilmente e com verdade, quero te fazer morar dentro de mim com o maior conforto que meu peito pode oferecer, quero te abraçar com meus braços tão apertados ao redor do seu corpo que te faça sentir meu coração batendo acelerado e louco. Quero te deitar no meu colo e brincar com seu cabelo curto. Quero sentir isso que é mil vezes mais mais emocionante e verdadeiro que qualquer outra mudança radical na minha vida. Quero te ter, quero que você me ensine a sentir e a me sentir viva só respirando na minha nuca e rindo do meu arrepio instantâneo. Quero a vida que só você pode me dar, quero te sentir aos poucos e guardar na cabeça e no coração as mil coisas misturadas que você me faz sentir por segundo.
Por isso, quando digo que quero sentir, que quero viver, não se engane com meus rótulos de quem tem tudo e quer mais um pouco: eu trocaria todas as minhas falsas posses e todas as minhas poses pra você me gostar como eu te gosto todos os dias.

Clarissa M. Lamega

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